terça-feira, 14 de abril de 2009

A cúpula dos fascistas


Sendo [o fascismo] antiindividualista, o projeto fascista se expressa através do Estado; e se articula através do indivíduo enquanto este coincide com o Estado... É contra o liberalismo clássico. O liberalismo negava o Estado no interesse do indivíduo; o fascismo o reafirma.

A doutrina do fascismo, 1932
Benito Mussolini

Um dos pilares de qualquer totalitarismo é que “o todo é maior que a soma das partes”. Anula o individualismo e portanto a liberdade de decidir, escolher, empreender, inovar e atuar. O representante do conjunto, da sociedade ou do bem comum, é quem decide, escolhe, empreende e impõe as inovações, delegando-as a seus grupos de confiança, e obriga o cidadão a atuar nessa linha. Se estas agências que executam o grande plano ( queiramos chamar de Qüinqüenal, New Deal, Refundação do Capitalismo...) pertencem a um partido político que proíbe a propriedade privada, tal sistema econômico se denomina comunismo. Se o delega parcialmente a grupos políticos e empresas privadas, se chama fascismo.

A última cúpula do G-20 foi a amostra do ascendente fascismo econômico ou capitalismo de Estado. O grande slogan foi: mais poder e dinheiro para os lobbies pró-governamentais, como o FMI que recebeu um trilhão de dólares e para os políticos. Ademais, apoio incondicional e maior regulamentação do setor financeiro e um aumento de pressão sobre os paraísos fiscais.

Que se peça mais dinheiro para bancos e seguradoras e por sua vez maior regulamentação sobre eles não equivale a dar uma pá de cal e outra de areia, senão que significa em fortalecer o setor a fim de apunhalar este tipo de monopólio. Por que seria que Francisco González, presidente do BBVA, pediu mais regulamentação para os bancos ? Por que todos os bancos em bloco também o pediram ?Por que a bolsa disparou após as resoluções do G-20 ?

Timothy Geithner, secretário do Tesouro americano, baseou seu famoso plano (Public-Private Investment Program) em uma espécie de joint venture entre Estado e as empresas privadas. Obama vai colocar em funcionamento um grande projeto para alimentar as companhias ecológicas, mesmo elas como fato de que elas seriam deficitárias em uma situação de livre mercado. Meio mundo vai segui-lo. O projeto bélico de Obama para consolidar a ocupação do Afeganistão não é humanitário e não tem nada de segurança nacional, responde apenas aos interesses dos grupos de pressão.

A união entre empresas e Estado sempre foi justificada ao cidadão através do uso de valores estranhos ao mercado, ou seja, à razões morais e a um suposto bem estar da comunidade que só o líder é capaz de ver e orquestrar. Tudo para drenar dinheiro do pagador de impostos para alimentar os monopólios financeiros. Não quer sair da crise ? Se for contra tal projeto estará sendo contra a humanidade. Não quer salva o planeta ? Se considerar um roubo que empresas ecológicas vivam de seus impostos em lugar de sua livre decisão de comprar seus produtos ou de investir nelas, é um inconsciente e alienado. As lavagens de cérebro governamentais, também conhecidas como “campanhas de conscientização”, lhe farão ver o quanto tudo isto é necessário, anda que signifique deteriorar a economia real.

O Estado do bem estar é uma oligarquia onde o indivíduo, o homem livre, você, é apenas mais uma engrenagem a mais nas decisões de uns burocratas que visam alimentar e enriquecer uma elite de políticos e empresas. A razão pela qual não se pode negar a eles é, por um lado, que lhe vendem o melhor produto do mundo: seu bem estar absoluto. O paraíso terrestre que, não obstante, nunca chega e cada vez mais modifica nossas vidas. O segundo argumento, mais contundente ainda, é que se nos desviarmos do grande projeto da oligarquia política, omitindo suas ordens, suas proibições econômicas ou sociais, nos converteremos em um inimigo público e seremos perseguidos pelo bem comum que representa o Estado. A cúpula do G-20 demonstrou que o indivíduo é um instrumento do Estado e não o contrário. Nos converteram em escravos para nosso próprio bem.

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