sábado, 28 de março de 2009

Manobra em El Salvador

Da mesma forma que fez Fidel Castro antes de assumir o poder assegurando aos quatro ventos que não era comunista, do mesmo modo que Hugo Chávez garantiu na televisão em rede nacional, antes de assumir, agora a maior parte do plano da Frente Farabundo Marti para a Liberação Nacional composta por ex terroristas, insistem que não são marxistas e que se comportarão bem, para acalmar as águas e enganar os incautos. Em todos os casos contaram com o beneplácito do Departamento de Estado dos Estados Unidos e por grande parte dos meios de comunicação. Devemos lembrar o caso de Herbert L. Mathews do New York Times, que fez de Fidel Castro um herói e disse que era o futuro Washington da América Latina.

Porem, qualquer observador atento aos sucessos em El Salvador está plenamente convencido da radicalizaçãop da FMLN e da história de seus dirigentes. No melhor dos casos, Mauricio Funes é um marionete das esquerdas mais extremas. O vice presidente, Salvador Sánchez Cerán, e o intelectual chefe do partido, José Luis Merino, são claros em suas reiteradas manifestações quando atacam frontalmente a propriedade privada. Inclusive o deputado do partido, Salvador Arias, destacou a necessidade de um referendo para modificar as estruturas “neoliberais” e implantar uma “democracia participativa” como a de Chávez.

Não se trata de evitar a crítica aos governos anteriores, apesar de alguns esforços meritórios de certas privatizações (algumas tímidas e outras mal feitas), a dolarização para evitar os desajustes da manipulação monetária local, as reformas nos sistemas de pensões (que não contemplaram que cada um disponha do fruto de seu trabalho como se prega) e outras medidas para melhorar a situação, ainda que resta muito a ser feito e o conturbado grupo de empresários que obtem favores do aparato estatal continue vigente. Mesmo assim, a porcentagem de salvadorenhos abaixo da linha da pobreza se reduziu à metade durante os últimos quinze anos.

É certo que a crise mundial reduziu as remessas de salvadorenhos nos Estados Unidos a seus familiares em El Salvador e o preço do café caiu significativamente, porem isto não justifica a adoção de medidas estatizantes que resultaram em pobreza em todos os países que as adotaram.

As maiorias estão fazendo estragos e fazem tábua rasa com os limites ao poder, convertendo a democracia em um roleta russa de consequências imprevisíveis. A justiça e o direito das pessoas não pode submeter-se aos espelhismos da aritmética.

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