domingo, 19 de abril de 2009

O Monstro


Infância e juventude

Fidel Castro Ruz nasceu em 1926 em Birán, perto de Mayarí, no sul da ilha, dado que deu origem a um dos seus muitos apelidos: o monstro de Birán. Durante sua infância e adolescência foi filho bastardo. Seu pai era um imigrante espanhol que teve sucesso com o açúcar, sua mãe era a cozinheira da casa e como seu pai estava casado, só se casaram quando ele se divorciou. Nesta ocasião Fidel tinha 15 anos e só pode receber o sobrenome Castro quando fez 17 anos. Foi educado pelos jesuítas, dos quais recebeu prêmios atléticos e se destacou por sua memória, o que lhe permitiu entre outras façanhas saber de cor os discursos de José Antonio Primo de Rivera, um dos seus primeiros ídolos políticos.

Em 1945 foi estudar Direito na Universidade de Havana. Não costumava freqüentar as aulas, só pegando nos livros na véspera dos exames. Entre um exame e outro se dedicava à política, que na época se manifestava através de patotas de estudantes que muitas vezes acabavam criando conflitos e violência. Destacou-se nesses grupos e acabou sendo acusado, ainda que não puderam provar nada, de participação no assassinato de outro estudante, Manolo Castro.

Apenas um mês depois deste assassinato, ocorreu sua estréia na insurreição armada. Foi organizada uma Conferência Pan-americana em Bogotá, sob os auspícios do general Marshall, aquele do plano. Perón, o caudilho argentino, decidiu se meter pagando viagem e estadia para estudantes revoltosos de vários países. É claro que Castro não poderia faltar. Durante sua estadia o candidato presidencial Gaitán foi assassinado, o que marcou o início de uma revolta que ficou conhecida como "Bogotazo", na qual Castro participou ativamente. 3.000 pessoas morreram nos distúrbios, enquanto Fidel saia dali via embaixada cubana.

Meses depois, se casou com Mirta Díaz Balart, irmã de seu amigo de faculdade Rafael, com quem teria um filho, Fidelito. Em 1949, assassinaram seu companheiro Justo Fuentes, certamente como vingança pela morte de Manolo, na saída de um programa de rádio diário que fazia com Fidel. Justamente neste dia, o tirano não foi trabalhar na rádio. Finalmente se formou em 1950. Segundo suas próprias palavras, entre suas escassas leituras da época destaca a do “O Capital”, livro que ele não passou d página 370, o que demonstra o que foi dito por Reagan, "comunista é quem leu Marx e anticomunista quem o entendeu".

Assalto ao quartel de Moncada

Em 1953, Castro tinha um pequeno grupo de seguidores dentre os quais já se encontrava seu irmão Raúl, quase todos provenientes do Partido Ortodoxo, e que planejavam derrubar a ditadura imposta por Batista um ano antes. Porém eram poucos, fato que os levou a executar um plano muito arriscado: atacar um quartel para roubar seu arsenal e conseguir formar um grupo suficientemente numeroso de contrários a Batista. 134 homens, fantasiados como militares, assaltaram Moncada no dia 26 de julho; a noite anterior tinha sido de carnaval e esperavam que as 5:30 da manhã uma grande parte dos mil soldados que se albergavam no quartel não estivessem em condições de lutar. Porém, foram descobertos e tiveram de fugir. Muitos poucos morreram no ataque propriamente dito, mas os militares se enfureceram e conseguiram capturar a maioria dos assaltantes e fuzilaram cerca de 70.

Os Castro tiveram mais sorte e foram julgados e condenados . Fidel há 15 anos, e Rául há 13 . Não ficaram no cárcere mais de dois anos, foram indultados por Batista. No foi um duro castigo para o futuro ditador. Dispunha de muito espaço, centenas de livros, geladeira e boa comida. O diretor da prisão inclusive o convidou para comer em sua casa fora dos muros da prisão, várias vezes. Castro por sua vez, demonstrando que foi bem nascido, mandou fuzilar o diretor, quando teve a oportunidade.

Poucas semanas após sair da prisão, Fidel foi para o México com o intuito de formar e treinar um grupo de guerrilheiros que lhe permitisse derrotar Batista, tal grupo ficou conhecido como “Movimento 26 de Julho”. Mesmo que outros tenham morrido, Fidel pagou um preço bem barato por sua tentativa de golpe de estado, sendo assim, por que não tentar novamente ? Enquanto sua esposa pedia o divórcio, ele se dedicou a recrutar voluntários, e teve a sorte de poder contar com Alberto Bayo, a quem a guerra civil espanhola tinha transformado em um militar experimentado. Ali também conheceu Che. Em novembro de 1956, 82 pessoas viajaram no iate Granma.

Uma revolução filha do New York Times

O desembarque não poderia ser mais desastroso. Na realidade nem chegaram a desembarcar e muito menos onde tinham planejado; o barco foi afundado e tiveram de sair correndo com o rabo entre as pernas de uma fragata da marinha, perdendo boa parte do material durante a fuga. Depois das primeiras escaramuças com o exército, sobreviveram com Castro cerca de uma dezena de companheiros. Sem dúvida, a coisa começou mal, porém sua sobrevivência permitiu recrutar novos voluntários e realizar pequenos ataques em sua nova base em Sierra Maestra, possivelmente o único lugar da ilha que poderia esconder os guerrilheiros. Então Fidel teve a melhor idéia de sua vida: mesmo com poucos homens, enviou um em uma missão especial, a de trazer um correspondente estrangeiro.

Pouco tempo depois chegou ao acampamento o correspondente do New York Times, Herbert Matthews, que escrevendo sobre Fidel e sua guerrilha transformou-os em grandes heróis. Deste modo Fidel ficou conhecido por todo o mundo, especialmente nos Estados Unidos, onde se tornou muito popular e animou outros grupos de oposição a se unirem na luta, ainda que não fosse em Sierra Maestra. A velha dama cinzenta, então como agora, acabou trabalhando em favor do bando inimigo de seu país. Naquele tempo Herbert Matthews tinha a desculpa de não saber que tipo de monstro Castro terminaria sendo, os jornalistas de hoje que tanto fazem pelo islamismo não podem dizer o mesmo.

O regime e Batista perdia apoio a passos gigantescos entre os habitantes das cidades cubanas, inclusive um grupo formado mais por gângsteres do que outra coisa, chegou a assaltar sua casa, com pouco êxito. Foi esta perda de apoio que levou ao fracasso a “Operação Verão” que em 1958 tentou liquidar Castro e seus homens: 10.000 homens contra 321, que foi o que Fidel conseguiu recrutar em um ano e meio. O fracasso colocou o futuro ditador nas portas de Havana e permitiu que os propagandistas aumentassem o mito. Depois dos meses em que estiveram a ponto de serem derrotados, a situação se inverteu. Os 10.000 homens eram em sua maioria recrutas novatos sem instrução e alistados à força. As deserções foram abundantes deste o início e debandavam em qualquer revés em seu avanço. Daí em diante tudo se transformou em marcha triunfal, pois os soldados de Batista não tinham o menor interesse em defender o ditador e em muitos casos se uniam ao grupo de Castro em vez de combatê-lo. No dia 1 de janeiro, Fidel Castro se tornou o novo ditador, embora ainda na sombra. Tinha trinta e dois anos.

A ditadura comunista

Há muita discussão sobre se Castro era ou não era comunista quando chegou ao poder. Chegou em Havana prometendo restaurar a constituição democrática de 1940, porém ao mesmo tempo assegurava que se reservaria o direito de nomear os integrantes dos três poderes do Estado, alegando que deveriam ser independentes, durante o período de 18 meses até a convocação de eleições gerais. Como todo bom radical que se preze, também havia prometido uma reforma agrária que repartiria a terra entre os camponeses. Muitos, talvez a maioria, dos que combateram com ele ou mesmo tempo que ele, não eram comunistas.

Os mais preocupados em desculpar o monstro jogaram a culpa nos Estados Unidos dizendo que ele não tinha outra saída a não ser se entregar nos braços da União Soviética. Na verdade, Castro era tão vermelho como Guevara quando subiu ao poder, se já não o era em Moncada. A hipótese mais provável é que ele simplesmente queria ficar dirigindo os destinos de Cuba, sem que ninguém fizesse com ele o que tinha feito a Batista. E para conseguir um poder absoluto, nada melhor que o comunismo, sem dúvida alguma. Com a adoção do sistema comunista de controle da população, transformando toda a população em informantes e uma complexa estrutura para comprovar a veracidade da informação, conseguiu um completo êxito.

Os cubanos têm esperado todo este tempo para que aconteça o “fato biológico”, ou seja: que o monstro morra. Pode ser desagradável desejar a morte de um ser humano, porém quando um tirano faz de fato impossível à liberdade de um povo sem passar por cima de sua tumba, os que amam a liberdade não podem senão desejar que Fidel deixe este mundo o quanto antes. Não por ele, mas para a liberdade de seus escravos.

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