quinta-feira, 30 de abril de 2009

Sem veias abertas na América Latina

Na recente Cúpula das Américas, o presidente venezuelano Hugo Chávez, sempre bancando o palhaço, entregou ao mandatário americano Barack Obama um exemplar do livro “As veias abertas da América Latina”, escrito por Eduardo Galeano em 1971.

Como é de seu costume, Obama recebeu o livro com amplo sorriso, que poderia ser entendido como educação, cordialidade e espírito de recompor as relações com o sub continente, mas também como sinal de seu desconhecimento do que estava recebendo. Se soubesse isto seria motivo de preocupação para seus agentes de segurança, dado o nível de toxicidade do conteúdo. Um verdadeiro atentado à segurança nacional.

O episódio lembra a derrapada literária de Chávez, quando descobriu um “tal Noam Chomsky”, que lhe pareceu abrir, ou melhor, fechar seu horizonte cultural.

Realmente, o livro de Galeano é um dos que mais fizeram mal para nosso continente. Sua argumentação principal sustenta que somos pobres porque os outros são ricos, hoje ele diria que os outros são brancos de olhos azuis. Usa o clássico e esfarrapado discurso do império vampiresco que suga o sangue das veias até acabar com sua vítima. Um discurso revolucionário, anti-imperialista, que começa culpando os espanhois e portugueses, logo depois culpa os ingleses e desde o século passado os Estados Unidos. Se fosse escrito no século XXI com certeza culparia a Coca-Cola, Google, Amazon, Starbucks, McDonald’s ou qualquer outra multinacional que “nos rouba”, claro que tais argumentos teriam a mesma seriedade de botar a culpa em alguma padaria local.

Galeano enumera os sofrimentos dos latinos americanos e os transforma em vítimas; transmitindo seu ódio visceral contra qualquer coisa que pregue democracia e mercado, ou seja é totalmente contra a liberdade. Fica preso a um igualitarismo, típico de mente estreita, que impede entender o desenvolvimento e formação da riqueza, propondo apenas a distribuição da pobreza.

No futuro, Obama terá de tomar cuidado quando receber outros pasquins. Existem muitos, desde “A história me absolverá” de Fidel Castro, “A Guerra de Guerrilhas” de Ernesto “Che” Guevara, “Revolução dentro da revolução?” de Regis Debray, passando por “Dependência e desenvolvimento na América Latina” de Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto, até “Para uma teologia da libertação” de Gustavo Gutiérrez, para concluir com “Para ler o Pato Donald” de Ariel Dorfman e Armand Mattelart, incubado nas universidades americanas.

Para o bem de nosso continente, e efetivo espírito de relançamento das relações entre nossos países, é melhor esperar que o livrinho de Galeano tenha sido esquecido e deixado por Obama no hotel.

Tomara que o presidente americano em uma próxima oportunidade, retribua a gentileza e presenteie Chávez com “Caminho da Servidão” de Friedrich Hayek ou “A ação humana” de Ludwig von Mises, e até lá, se me ensinarem como enviar um livro para um presidente americano, eu enviaria “Do bom selvagem ao bom revolucionário” de Carlos Rangel, que como escreveu Jean-Francois Revel, é o primeiro ensaio sobre a civilização latino americana que dissipa as interpretações falsas, as descrições mentirosas e as desculpas complacentes.

Até lá falemos: “Sem veias abertas na América Latina” e pena que o Lula não saiba ler.

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